A
Mata Atlântica é considerada um dos maiores berços da biodiversidade do planeta,
bem como um dos mais importantes e mais ameaçados hostspots do mundo. Foi em
1988 que o ecólogo inglês Normam Meyers, propôs um conceito de áreas críticas –
Hotspots.
É, portanto, uma área prioritária para a conservação, isto é rica em biodiversidade,
na sua maioria endêmica, mas ameaçada no mais alto grau.
Considerada um Patrimônio Nacional, a Mata Atlântica contribui
diariamente de maneira fundamental para a vida de muitos brasileiros. Somos 145
milhões de pessoas que habitam as 3.429 cidades do bioma. Dependem dos serviços
por ela prestados, como a regulação do clima, qualidade do ar, geração e
abastecimento de água e o fornecimento de recursos para o desenvolvimento do
país. Ao passo que usufruímos desses benefícios, também cobramos um preço alto
dessa floresta, devastando mais de 90% da sua área original, afirma a Fundação
SOS Mata Atlântica.
Conforme cita o Conselho Nacional Reserva da Biosfera Mata
Atlântica, este bioma foi reduzida a 0,3% de sua área original na região
nordeste do país. Ao sul da Bahia onde possui maiores fragmentos, ainda hoje
fortemente ameaçados, a Mata Atlântica sobreviveu principalmente nos estados do
Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina, formando um
grande corredor ecológico. Graças ao relevo acidentado e à pobreza dos solos
das Serras do Mar e da Mantiqueira, uma série de montanhas costeiras com até
2.500 metros de altura, que caracterizam o litoral sul e sudeste do Brasil.
Notavelmente 20% de todos os remanescentes florestais se encontram no Vale do
Rio Ribeira de Iguape, na fronteira dos estados de São Paulo e Paraná e apenas 200
km de São Paulo, a maior metrópole da América do Sul, com mais de 15 milhões de
habitantes.
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Vista Caminho do Rei, Florianópolis/SC. |
Atualmente
encontram-se na região litorânea, no Nordeste, pequenas ilhas remanescentes de
mata isoladas. Ao sul e Sudeste manchas mais expressivas cujo principal corredor
chega a mais de 2.000 km de extensão. As áreas mais para o interior, situada no
planalto brasileiro, estão tão devastadas quanto a região nordestina, restando
aí poucos exemplares da mata primitiva. Em Florianópolis, capital de Santa
Catarina restam cerca de 12.959 hectares de mata. http://aquitemmata.org.br/#/
A
Mata Atlântica apresenta uma enorme variabilidade territorial e topográfica e
em conseqüência climática, explicando porque ela é uma floresta com grandes
diferenciações biológicas. Assim as formações situadas mais ao Norte, têm
segundo alguns especialistas, mais de 50% de suas espécies arbóreas
diferenciadas daquelas situadas ao Sul. Incorporando características de mata
subtropical com o aparecimento de largas extensões onde predomina a Araucária
angustifólia.
Como
grandes blocos florísticos da Mata Atlântica podemos mencionar as formações
ombrófilas densas do litoral, as florestas estacionais mais para o interior,
bem como as diversas adaptações de transição para vegetações de clima mais seco
do Brasil central e as matas ombrófilas mistas com araucárias da região Sul.
Além disso, convivem com ela diversos ecossistemas associados como por exemplo
as especializações florestais litorâneas, manguezais, campos de altitude entre
muitas outras pequenas parcelas menos representativas em termos espaciais
aponta o Conselho Nacional Reserva da Biosfera
Mata Atlântica.
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Vista Caminho do Rei. Florianopolis/SC. |
Para
se ter uma ideia, da riqueza de sua biodiversidade, considerando-se cerca de 7,3%
do que restaram de Mata Atlântica, estudos indicam que num único hectare do sul
da Bahia, já foram encontradas 454 espécies de árvores e 476 espécies, em
amostra de mesmo tamanho na região serrana do Espírito Santo. Portanto a Mata
Atlântica é hoje considerada como uma das florestas tropicais mais ameaçadas de
extinção, um dos “hotspots” da
biodiversidade mundial e prioritária para sua conservação em nível global.
Sua
área original, antes grandiosa, encontra-se restrita a alguns remanescentes já
bastante fragmentados. São vestígios do ecossistema original, que embora
aparentemente protegidos pela topografia acidentada da serra do Mar, continuam
sendo destruídos para reflorestamento de espécies exóticas (pinus e eucalipto),
atacados pela extração ilegal de palmitos e sua fauna vem sendo dizimada por
caçadores, o que em curto espaço de tempo, pode levar a seu completo
desaparecimento. O futuro da mata Atlântica depende da preservação dessas áreas
remanescentes, permitindo assim a manutenção da qualidade da vida humana (Instituto
Rã-bugio).
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Paisagem Trilha de Naufragados. Florianópolis/SC |
Proteger
o que sobrou e recuperar o que desmatamos é um passo estratégico para que o
Brasil cresça de forma sustentável. Nosso modelo de desenvolvimento dá sinais
claros de esgotamento, mas aponta também a oportunidade de colocarmos a agenda
ambiental no centro das decisões políticas, sociais e econômicas do país. Um
processo que requer construção participativa entre sociedade, governo e
empresas, organizando uma agenda em comum (Fundação SOS Mata Atlântica).
Precisamos
reconhecer efetivamente o quanto dependemos das nossas florestas e assumir esse
compromisso coletivo. Há muito a ser feito, como investir em saneamento e
combater a poluição dos nossos rios e mar; fortalecer as Unidades de
Conservação; recuperar trechos degradados, principalmente as Áreas de
Preservação Permanente, e zerar o desmatamento ilegal no bioma reforça a Fundação SOS Mata Atlântica.
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Monitoramento na trilha Ponta da Lage. Florianópolis/SC |
O INSTITUTO DE ESTUDOS AMBIENTAIS TRILHEIROS DE ATITUDE
- IEATA foi
criado com
a missão de contribuir na preservação e conservação da Mata Atlântica através
do uso adequado das trilhas e caminhos ecológicos, envolvendo a comunidade do
seu entorno, através de um conjunto de ações, do município de Florianópolis/SC.
Portanto, a IEATA, em parceria
com o Programa Roteiros: Trilhas e
Caminhos da Ilha de Santa Catarina - PRA, e entidades parceiras, aponta como fundamental a revitalização das Trilhas e Caminhos
Ecológicos que estão sendo observadas por seu grupo de Estudos. Com o intuito
de utilizar como importante ferramenta de Educação Ambiental, resultando na
preservação e conservação das áreas naturais do entorno.
Texto: Mariléia Sauer
Bióloga - IEATA
Fonte:
___________ Investigando a
Biodiversidade: Guia de apoio aos educadores do Brasil. Belo Horinzonte,
Brasília: Conservação Internacional, Instituto Supereco, WWf Brasil. Tradução:
Débora Agria de Oliveira, Sylvia Oliveira Nocetti
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