Gabriel Henrique¹, Carla Moura¹, Marileia Sauer¹
¹Pesquisadores técnicos do Instituto de Estudos
Ambientais Trilheiros de Atitude (IEATA).
Por mais que não queiramos pensar sobre o
futuro, ou que ainda haja uma necessidade maior de assegurar o presente, por
questões financeiras ou de oportunidade muitas vezes, necessitemos pensar sobre
a cura para a degradação ambiental e dos seus inevitáveis males, causas e
consequências da perda da biodiversidade, resultando na degradação da sociedade
e da saúde das pessoas. A febre, pode vir de uma simples gripe, de fácil cura,
ou de doenças um pouco mais devastadoras, que outrora extintas ressurgem cada
vez mais latentes, como a dengue e a febre amarela, por exemplo, são
sintomáticas de um problema ainda maior, a purulenta degradação ambiental.
Esquecemos que problemas ecológicos de natureza
cientifica demandam da necessidade da sociedade em evoluir, um meio eficaz de
conhecer e prever os possíveis caminhos da humanidade sem termos que passar
pelo sacrifício dos problemas. A junção do conhecimento acadêmico e da
realidade da sociedade, com seus conhecimentos tradicionais, devem contribuir
para construção da identidade do presente, são essas as ferramentas que temos para
suplantar as dificuldades. Porém, hoje negamos esse caminho de construção, pois
quem deveria alimentar a mistura desses ingredientes, função delegada pelos
próprios setores da sociedade, esquecem que prevenir é melhor do que remediar.
Assim, temos grupos isolados dentro desse grande
e complexo organismo que tentam resolver problemas sistêmicos. Uma pequena
parcela da sociedade que reage pontualmente, e de certa forma, acabam por
tornar os problemas ainda maiores. Como um medicamento tomado sem a devida prescrição
médica, uma informação transmitida sem o real conhecimento pode acabar por
tornar o organismo ainda mais frágil, ficando assim ainda mais vulnerável.
Achamos oportuno introduzir o assunto com essa
metáfora, para exemplificar como podemos entender o meio ambiente. Assim,
podemos dizer quer o Meio Ambiente é como um organismo, os grupos são os órgãos
que fazem tudo funcionar, e para que esse resultado seja efetivo, cada célula
desse sistema deve ter uma função ordenada, cada um deve saber das suas obrigações
e dos seus direitos, pois assim também saberemos que se caso deixemos de
cumprir nossas atribuições ou resolver atuar por iniciativa individual, todo o
organismo poderá ser afetado. Ainda, sem esquecer da importante diversidade
inerente de cada setor, um organismo biodiverso pode ser considerado aquele com
maior quantidade de setores com diferentes propósitos, assim as chances de ser
enfraquecido diante de doenças oportunistas diminuem consideravelmente.
Deixando a Metáfora, Florianópolis com seu Meio
Ambiente biodiverso: dos aspectos culturais; de farta natureza, por estar
inserido nos domínios da Mata atlântica; por possuir uma vegetação típica, pois
é a maior ilha marítima do Brasil com esta natureza; e por seu atual contexto
social, se torna cada vez mais procurada e vítima da falta de integração dos
seus setores. A expansão do setor imobiliário, com a implementação de
condomínios a beira do mar, luxuosos resorts, do
crescimento urbano com maior geração de resíduos e maior consumo dos recursos naturais,
do lançamento dos esgotos a céu aberto, como por exemplo a avenida beira mar
com suas placas de aviso sobre possível contaminação, e da constante invasão em
suas áreas de preservação, percebemos a atual degradação ambiental decorrente
desta fragilidade. É visível a perda da Biodiversidade em seus meandros, que
isolam populações tradicionais e fragmenta o sistema de modo a temer que seu
maior benefício pode ser transformado em seu maior algoz.
No último semestre o IEATA – Instituto de Estudos
Ambientais Trilheiros de Atitude vem trabalhando em conjunto a outras
organizações afim de tentar identificar os processos de alteração da paisagem e
assegurar a conservação da biodiversidade no Norte da Ilha. Temos como objetivo
a interação entre os diferentes setores, população e governantes, conhecimento
tradicional e a pesquisa cientifica, para a construção de estratégias para
assegurar o futuro da ilha e todos os seus moradores.
O
Instituto foi criado frente à esta emergência da reaproximação deste homem com
a natureza, para isso é necessário estar esclarecido sobre seus direitos,
deveres e oportunidades de conectar as diferentes esferas ou setores
envolvidos. Necessitando estar cientes da situação da degradação ambiental do
local ao global. Atuando com a missão de
Contribuir na preservação e conservação da Mata
Atlântica, seus corpos de água e ecossistemas costeiros iniciou sua
trajetória no debate do uso adequado das trilhas e caminhos ecológicos,
envolvendo a comunidade do seu entorno através de conjuntos de ações que
possibilita realizar um resgate socioambiental e cultural criando base para o
desenvolvimento do Ecoturismo.
Com mais
da metade da população mundial vivendo nas áreas urbanas tornar as cidades
seguras é um desafio, sendo maior quando tratamos de uma Ilha, com forte apelo
turístico, e uso desordenado as praias, trilhas e caminhos ecológicos. Todo
esse processo que está sendo
desenvolvido pelo Projeto Trilhas e Caminhos Ecológicos teve início com a
participação do IEATA no "Programa
Roteiros do Ambiente - Trilhas e Caminhos na Ilha de Santa Catarina - PRA",
oficializado pela Portaria 003/FLORAM,, que visa revitalizar um conjunto
significativo de trilhas e caminhos do Município de Florianópolis, através de
um processo de mapeamento de trajetos, planejamento e implantação de
equipamentos padronizados de interpretação, sinalização e segurança,
conciliados ao manejo sistemático da vegetação e do solo.
Portanto o
IEATA vem pautando seu trabalho com o envolvimento comunitário, no desenvolvimento do Projeto Trilhas e
Caminhos Ecológicos conectando a Educação Ambiental com debate sobre turismo de
base comunitário como um instrumento para preservação e conservação da Mata
Atlântica, mobilizando e gerando renda
as comunidades locais.
Nesse contexto, entendemos que o resgate
cultural é o principal meio de combater o descuido com sua maior riqueza, que o
empoderamento das suas tradições será parte fundamental para da construção de
uma paisagem saudável para todos.